Nosso Banco Central anunciou ontem que realizará leilões de compra de dólar todos os dias até o final de 2014. O objetivo é tentar conter a valorização da moeda norte-americana, que chegou a R$ 2,45 nesta semana, o maior valor em quase cinco anos.
A ideia é a mesma da que acontece quando você vai ao supermercado e está faltando tomate, por conta de um problema na safra. O preço aumenta... vimos isso há alguns meses. É a tal da lei da oferta e da procura, que também vale para os produtos financeiros.
Esse anúncio me lembrou a época em que cobri a crise mundial na agência Reuters em 2008. Foi a última vez em que o BC atuou diariamente no mercado de câmbio. E posso dizer para vocês que o bicho estava pegando. O dólar, um produto financeiro considerado relativamente seguro em momentos de turbulência, estava disparando por conta do medo de uma quebradeira mundial.
Agora a história é um pouco diferente. O dólar está subindo em todas as partes do mundo por dois motivos principais: 1. Sinais de recuperação da economia dos EUA (que vinha mancando desde a mesma crise de cinco anos atrás) e 2. Indicações do presidente do Banco Central norte-americano, Ben Bernanke, de que a injeção de moeda no mercado norte-americano (que também tem sido feita desde a crise) deve acabar em breve. Lembra da lei da oferta e da procura? Menos produto no mercado, o preço sobe.
Mas voltando aos leilões do BC brasileiro. O dinheiro que ele coloca à disposição do mercado (para diminuir o receio de que faltem dólares) costuma vir das reservas internacionais, nosso colchão para momentos de crise. As operações anunciadas ontem, entretanto, têm uma peculiaridade: não comprometem nossas reservas, pelo menos em um primeiro momento.
São operações de venda futura de dólar. Na prática, os interessados compram um direito de poder comprar a moeda norte-americana a um determinado preço daqui a algum tempo. Isso ajuda a acalmar os ânimos já que, por mais que o dólar dispare, eles estão protegidos, podendo comprá-lo a um preço pré-determinado.
Para quem quiser entender melhor sobre como funciona o mercado de câmbio, o UOL preparou um infográfico muito bacana e fácil de entender. Acesse aqui.