segunda-feira, 1 de julho de 2013

Bolsa é o pior investimento do ano; dólar é o melhor. E daí?

O primeiro semestre acabou e uma notícia curiosa pipoca no noticiário econômico: a Bovespa foi o pior investimento do ano e o dólar o melhor. Mesmo que você não invista pesado e arrisque no máximo uma poupancinha deveria saber que essas notícias têm um impacto possivelmente maior do que você imagina sobre a sua vida.

O péssimo desempenho da bolsa (queda de mais de 20% nos seis primeiros meses do ano) é um bom reflexo do ritmo fraco da economia brasileira, movida em grande parte pelas empresas que têm ações negociadas na Bovespa. Não foi à toa que as más línguas apelidaram recentemente o PIB, medida padrão do desempenho da economia de um país, brasileiro de "pibinho".

Aquele otimismo sobre o Brasil emergente, o Brasil do pré-sal, o Brasil que vai receber a Copa e as Olimpíadas foi revertido em uma onda de manifestações que atravessa o país. O fôlego que o crédito fácil e barato nos deu nos últimos anos está acabando. Hoje, só ouvimos falar das duas consequências negativas dessa medida: a inadimplência, que nunca esteve tão alta, e a inflação, que nunca deixou de ser um pesadelo.

Falando em inflação, o dólar, por sua vez, é o melhor investimento do ano até agora (subiu quase 10% em seis meses). Apesar de essa informação vir com roupa de boa notícia, provavelmente não é uma boa notícia para a maioria. Para mim, e provavelmente para você também, o relacionamento com o dólar não é em forma de investimento.

Então para nós, pobres mortais, o dólar está, no máximo, "subindo pra caramba", o que significa que as viagens para o exterior começam a parecer cada vez menos convidativas e também que alguns produtos tendem a ficar mais caros, como os eletroeletrônicos, que possuem componentes importados, e, em breve, talvez até o pãozinho e a gasolina.

Para quem não sabe, somos grande importadores de trigo e, apesar de sermos autossuficientes em petróleo, também acabamos importando um pouco para compensar o que exportamos. Sem contar que tanto o trigo quanto o petróleo são commodities. E commodities são cotadas em dólar por serem negociadas no mercado internacional, logo, seus preços são influenciados diretamente pelas oscilações da moeda norte-americana.

E essa alta do dólar acaba refletindo a incerteza que toma conta também dos mercados internacionais. A crise europeia ainda vai longe, a China também já não está em sua melhor forma (os pobrezinhos prevêem crescimento de "apenas" 7,5% neste ano) e os EUA, apesar de darem alguns sinais de recuperação, ainda são os EUA: com taxa de desemprego elevadíssima e uma dívida pública astronômica.


Fica a dica para quem vai viajar para o exterior em breve: a hora de comprar dólar é agora. No Brasil, o Banco Central tem atuado todos os dias para tentar conter a tendência de alta da moeda. E para ajudar, além do cenário de incertezas, há indícios de que os EUA devem parar de injetar dólares na economia do país, prática que tem sido feita desde a crise de 2008 e 2009.

Se isso acontecer, os temores de que faltem dólares no mercado podem se concretizar. E aí, meus queridos, o céu é o limite. No começo do ano, o dólar estava na casa dos R$ 2,05. Agora, já passou dos R$ 2,20.

E o euro, meu Deus? Segue a onda global de busca por moedas mais fortes (apesar de não sabermos até quando a moeda de um bloco econômico praticamente falido será considerada forte) e já flerta com a casa dos R$ 3,00!!! É, Paris vai ter que esperar.


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